terça-feira, 25 de junho de 2013

Valeu a pena !

Ainda a quente...

Valeu a pena !
Encerrou-se hoje de forma vitoriosa um capítulo da luta que os professores e restantes trabalhadores portuguese têm pela frente nos tempos mais próximos. Foi uma luta prolongada, desgastante, onde sobressaiu, apesar da minoria acéfala, a união e força dos professores. Não conseguimos impor tudo o que pretendíamos e seria mais que justo, de qualquer modo, com o entendimento, (satisfatório) ao pararmos no imediato os intentos mais tenebrosos e gravosos do governo fascista Passos/Portas demos um passo em frente. Comprovou-se que é possível em próximas batalhas avançar mais e inscrever em forma de lei e de prática melhores condições para o exercício da profissão docente e de salvaguarda da escola pública. Ganhámos, mas não podemos ficar por aqui. As 35 horas terão de ser, custe o que custar o ponto de partida para os horários dos professores, a mobilidade especial tem que morrer de vez. Crato tem de ir para a rua. Está provado que encarnou a figura do Nero da escola pública e do mata-professores, foi ao tapete, mas não chega, precisamos de bani-lo do poder e com ele devem ir os mandantes Passos e Portas.
Esta vitória da força, da união e da organização dos professores terá de continuar e de melhorar. Teremos pela frente um final de ano menos sombrio, uma hipótese de concluirmos com menos angústia e sofrimento um ano lectivo dos mais difíceis de sempre. Terminou apenas uma batalha, grande e importante é verdade, ainda assim, a guerra está só suspensa, os “lobos” continuam à espreita e se apanharem o rebanho distraído atacarão de novo. De qualquer modo, fica a lição: os cordeiros unidos, com a razão e a justiça do seu lado transformar-se-ão em tigres.
 Apesar da aparente bonança que se avizinha, o país precisa de nós, da nossa luta da nossa força. Dia 27 temos que mostrar que queremos melhor educação, queremos mais e melhor escola pública,  queremos um país sem austeridade, livre de ocupantes sejam eles troicas ou outros bilderbergs que tais, por isso, vamos à luta, vamos à greve para ajudar a derrubar os farsantes que nos desgovernam.


Luís Sérgio

domingo, 23 de junho de 2013

"PROFESSORES, PROLETÁRIOS, MISSIONÁRIOS"


Deixo-vos com um excelente texto de António Guerreiro, sobre a proletarização dos professores (publicado no Ipsilon de sexta passada e republicado por Sérgio Lavos no Facebook):



Em 1971, Roland Barthes escreveu, para a revista Tel Quel, um texto a que deu o título: Escritores, Intelectuais, Professores. Por si só, tal título mostra como os professores foram entretanto deslocados e já não pertencem a esse mundo de outrora. Eles surgiam então ao lado de outras duas respeitáveis classes (que, aliás, também já não têm o mesmo estatuto), enquanto detentores de uma autoridade adquirida automaticamente pela “parole professorale”. Essa modalidade de discurso, herdeira da Retórica e dotada de uma autoridade moral conferida pelo saber, não podia sobreviver às novas condições que retiraram o saber da esfera exclusiva do cânone escolar e em que o professor, obrigado a responder a novos objectivos da escola que já nada têm que ver com a sua missão original (objectivos cada vez mais políticos: retardar a entrada dos jovens na vida activa, corrigir as desigualdades sociais, substituir a educação parental, policiar os costumes, etc.), teve que começar a enfrentar tarefas policiais, psico-sociais e de animação. A fortuna de um actual ministro que chegou ao seu posto à custa da denúncia do “eduquês” deve-se ao facto de, com esse chavão, ele apontar para um desvio da escola em relação a essa missão original que, presume-se, ele achava que podia e devia ser restaurada. Entretanto, em sentido contrário a uma tal missão, os professores têm sido submetidos – sem tréguas e desde há muitos anos – ao tratamento mais ignóbil a que uma classe profissional pode estar sujeita. Se quisermos utilizar um termo genérico para designar o que lhes foi infligido (para além das “sevícias” – da parte dos alunos, da parte dos pais – a que ficaram expostos a partir do momento em que lhes foi retirado todo o domínio) temos de falar de uma progressiva, sistemática e programada proletarização. Em que é que ela consiste? Numa total perda de autonomia, até ao ponto em que a actividade do professor deixou de ser uma actividade intelectual. A partir desse momento, a autoridade do professor – que, aliás, para existir é necessário que esteja integrada num sistema que a detenha – ficou completamente arruinada. O sinal mais óbvio dessa proletarização – aquele onde ela é exibida pela máquina governamental com uma clara intenção de humilhação – é o horário de trabalho. Dantes, o trabalho do professor compreendia o tempo controlado (o tempo lectivo) e o tempo autónomo, que ninguém conseguia avaliar exactamente a quanto correspondia – dependia do treino, dos escrúpulos, da responsabilidade e do sentido de missão do próprio professor. Daí, a ideia tão repetida de que os professores gozam (gozavam) de um horário privilegiado. Agora, não só o tempo de trabalho controlado aumentou bastante, como aquilo que deveria ser tido por conta de trabalho autónomo perdeu esse estatuto porque o Ministério o passou a contabilizar no horário oficial: trinta e cinco horas de trabalho na escola, mais cinco horas de trabalho em casa. Quem alguma vez foi professor sabe bem que essas cinco horas semanais estão longe de ser suficientes. Mas pior do que fazer horas extraordinárias que não são pagas é sentir que até o pouco que resta aos professores de tempo autónomo entra na contagem diabólica do tempo controlado. O horário dos professores pode até não ter efectivamente aumentado. Mas, em termos simbólicos, chegou-se à estação terminal que diz: proletarização."


Republicação de David Luna de Carvalho

sábado, 22 de junho de 2013

A LUTA CONTINUA !


Prossegue greve às avaliações.
Greve às avaliações a 24, 25, 26 e 28 de junho. Greve Geral no dia 27.
Segunda-feira - 24 -  é um dia fundamental.
Parar agora com as negociações a reiniciarem-se, sem nada de fundamental garantido (35 horas e não aplicação da mobilidade aos professores) seria morrer na praia. Um erro estratégico. A História e as nossas vidas não nos perdoariam. Por mais que custe temos de resistir.




terça-feira, 18 de junho de 2013

Pelas 35 horas .

Uma luta fundamental !
Oportuno, faz todo o sentido, adaptem e sigam o exemplo.
Abaixo-assinado
 
A MANUTENÇÃO DO HORÁRIO SEMANAL DE 35 HORAS
É UMA EXIGÊNCIA IMPORTANTE E INALENÁVEL
DA LUTA ACTUAL DOS PROFESSORES
 
Às Organizações Sindicais dos Professores,
 
No âmbito da consulta que as organizações sindicais dos professores estão a realizar junto dos seus associados e da generalidade dos professores das escolas, os docentes da Escola Secundária da Sé (Guarda), abaixo-assinados, entendem dever manifestar a seguinte posição:
As duas principais exigências imediatas de que, muito correctamente, as organizações sindicais dos professores se têm feito porta-vozes – a recusa do aumento do horário das 35 para as 40 horas semanais e a recusa da possibilidade do despedimento de professores do quadro (através do chamado regime de mobilidade especial) e dos professores contratados necessários às escolas – estão indissoluvelmente ligadas, isto é, a satisfação de uma exige a satisfação da outra.
De facto, conseguir que o despedimento de professores não ocorra de imediato mas permitir, por outro lado, a aplicação do horário semanal de 40 horas, significa apenas adiar esse despedimento por alguns meses. O compromisso de corte de despesas que o Governo assumiu com a tróica para ser aplicado de imediato na educação implica reduzir, já neste ano lectivo, em cerca de 14 mil o número de professores nas escolas, sendo que o principal instrumento que o governo conta utilizar para alcançar esse objectivo é o aumento do horário de trabalho dos professores.
A força da luta e da mobilização dos professores obrigou o Ministro Crato a vir dizer, na semana passada, que o aumento de cinco horas no horário semanal iria integralmente para a componente de trabalho individual da componente não lectiva do horário e que isso corresponde apenas à consagração legal de uma situação que já existe, que é o cumprimento de um trabalho efectivo de 40 horas semanais que a maioria dos professores já realiza. Aceitar esta solução e este argumento, constituiria um erro por dois motivos.
Primeiro, porque uma tal solução permite que este ou outro governo venha proceder a aumentos efectivos na componente lectiva e na chamada componente não lectiva de estabelecimento assim que tenha condições para o fazer, com o argumento de estar apenas a repor a duração da componente de trabalho individual (8,5 horas) que o horário de 35 horas semanais actualmente contém.
Em segundo lugar, porque o argumento de que os professores já trabalham 40 horas semanais nunca deverá servir para consagrar legalmente esse horário, mas tem de servir sim para remover os atentados à profissão que levaram a que os professores tenham de trabalhar (em média anual) pelo menos 40 horas semanais para desempenhar de uma forma minimamente eficaz e correcta as suas funções docentes.
No que diz respeito ao nosso caso de professores do 3º ciclo do ensino básico e do secundário, aqueles atentados – levados a cabo pelo governo actual e pelos dois governos Sócrates – consistiram em cinco medidas principais:
1) Reduzir de 13 (15, no caso de professores a leccionar exclusivamente no ensino secundário) para 8,5 horas o tempo de trabalho individual de que os professores dispõem;
2) Passar trabalho lectivo efectivo dos professores para a sua componente não lectiva, como é o caso das horas de apoio lectivo acrescido;
3) Aumentar em cerca de 15% o número máximo de alunos por turma;
4) Reduzir (por via de alterações legais nas exigências de idade e tempo de serviço) ou preencher com trabalho na escola (muito do qual trabalho lectivo) as horas de redução da componente lectiva, facto que constitui uma negação da razão de ser (o desgaste provocado pela natureza do trabalho docente) dessa mesma redução da componente lectiva;
5) Retirar aos directores de turma a redução da componente lectiva a que tal função conferia direito.
Para além destas medidas que afectam todos os professores, houve também outras que atingiram grupos disciplinares específicos e que se traduzem num nítido acréscimo de trabalho, como foi o fim do par pedagógico na disciplina, hoje dividida, de Educação Visual e Tecnológica, e as reduções de horas lectivas e de desdobramento de turmas nas disciplinas com componente curricular de carácter experimental.
Pela sua natureza, exigências e características, a que acrescem as condições adversas em que frequentemente tem de ser exercida em muitas escolas e regiões do país (sobrelotação de turmas e escolas, ambientes sociais pouco propícios às actividades escolares e de aprendizagem por parte dos alunos, etc.), à profissão docente em Portugal não deverá nunca exigir-se, em média (do conjunto dos professores e do período anual de trabalho de 11 meses), mais do que 35 horas de trabalho semanal. E, como os próprios governantes actuais vieram reconhecer – com outros objectivos, é certo –, desse total de 35 horas, a componente de trabalho individual nunca deverá ser inferior a, pelo menos, 13 horas semanais, o que exige que todo o trabalho lectivo seja efectivamente incluído na componente lectiva dos professores.
Por tudo o que ficou exposto, consideramos que nunca deverá aceitar-se a imposição aos professores de um horário legal de 40 horas semanais. Preservar as 35 horas semanais significa a possibilidade de lutar pela criação de condições – que hoje manifestamente não existem, na maior parte dos casos – para que os professores possam desempenhar as suas funções docentes de uma forma eficaz e profícua, com benefício para todos os alunos e para o país. Tais condições pressupõem que seja interrompida e revertida a enorme sangria de professores nas escolas (cerca de 40.000 professores a menos, no curto período de cinco anos), a qual é incomensuravelmente superior, em proporção, à diminuição do número de alunos no sistema educativo.
Guarda, 17 de Junho de 2013

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A indiferença

Vem a pretexto da atitude que alguns colegas adotaram hoje!


Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.
Em seguida levaram alguns operários,
Mas a mim não me afetou
Porque eu não sou operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
Mas eu não me incomodei
Porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir chegou a vez
De alguns padres, mas como
Nunca fui religioso, também não liguei.
Agora levaram-me a mim
E quando percebi,
Já era tarde.

Bertolt Brecht

Sem credibilidade


A Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) lamentou hoje a forma como estão a decorrer os exames nacionais do Ensino Secundário, considerando que o ministro da Educação perdeu "toda a credibilidade".

"Os pais estão a ver aquilo que está a acontecer hoje, dia de exame, como um precedente. Não sei como é que o Ministério vai conseguir resolver e atender aos constrangimentos que foram causados", disse à Lusa o responsável da direção da CNIPE Rui Martins, referindo-se ao facto de nem todos os alunos inscritos terem conseguido realizar hoje o exame de Português, devido à greve de professores.

Para Rui Martins, "criou-se uma bagunça" e ainda não é conhecida uma solução: "Neste momento não sei como é que o ministro vai resolver o assunto e perdeu toda a credibilidade".

In: Diário económico (on-line)

Se perdeu toda credibilidade só lhe resta um caminho: Abrir as Portas da Rua, Já!
Quanto ao resto processem-no.